segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Homenagens a Tragédia de Santa Maria


A tragédia da boate kiss vitimou até agora 237 jovens, destes 110 eram alunos da Universidade Federal de Santa Maria. O acontecido deixou de luto todo o Brasil e o mundo inteiro abalado com o acontecimento. Não poderia ser diferente, muitas são as homenagens aos mortos e feridos. Um memorial será construído no local que está totalmente tomado de homenagens dos parentes e amigos das vitimas. Santa Maria e o Brasil, foram exemplo de solidariedade e comoção. "Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra".
Confira as homenagens recebidas de artistas nacionais e dos poetas gaúchos, Pedro Junior da Fontoura, Gujo Teixeira, Henrique Fernandes, Kayke Mello, Fabricio Vargas, Paulo Ricardo Costa

HOMENAGEM DE ARTISTAS NACIONAIS, EXIBIDO NO FANTÁSTICO (03/02/13):


PEDRO JUNIOR DA FONTOURA:

KISS – O BEIJO DA MORTE

A morte veio raivosa,
Disposta a fazer estragos.
(Não quis nem saber de prosa,
Nem trago ou mate largo)
Veio com sangue nos olhos
Coração estraçalhado.

Veio ceifando parelho
Levando tudo por diante.
De ninguém ouviu conselho,
Chegou cruel e ofegante;
Se disfarçou de ternura
Beijou a Boca da Monte.

E foi de tirar o fôlego,
Se apropriou do próprio ar.
Com faíscas de tristeza
queria tudo incendiar,
Em cada beijo que dava
Tinha instintos de matar.

Ela veio misteriosa.
Disfarçou, pra ser bem-vinda.
Usou batom cor-de-rosa
Num jeito meigo e querida,
Mas num golpe traiçoeiro
Foi eliminando a vida.

Espalhou tristeza e dor
Foi grande a devastação,
E titubeou do amor
silenciando o coração,
Numa tragédia medonha
Algo sem explicação.

Que noite triste sem fim
Anunciava o vento norte.
Toda cidade chorava
Abandonada da sorte,
Sentindo o gosto de fel
Da própria boca da morte.

Meu Deus! Como explicar?
Não vou entender jamais...
Quantos projetos sem fim?
Sonhos deixados pra traz...
Silêncio vestindo luto
E a morte rindo no más.

Deus nos dê força e luz
Coragem pro coração.
Alento aos familiares
Peço de joelhos no chão,
Conforta os desamparados
Ouça pai, esta oração.

Eu sei que a morte é cruel
Mas nesta, passou da conta;
Cobrou caro, judiou muito,
Foi alto o preço da conta.
Não sei te explicar direito
Minha alma’ ainda está tonta.

Há uma lágrima guardada,
Um tênis, boné, um terno...
Uma guitarra calada,
Folhas brancas no caderno,
Uma bolsa esquecida,
Alma vestida de inverno.

II

São onze e onze
A passarada canta
O sol ilumina
A poeira levanta
Borboleta voa
Grilo abra a garganta.

Há tristeza no peito
O coração ta batendo
O rio segue seu leito
Há crianças nascendo
E a vida pedindo cancha
E um poema se escrevendo.

Um pai enterrando o filho,
Uma mãe passando mal;
Duas alianças de ouro
Numa história sem final
E a morte dando risada
Achando tudo normal.

Lá vão cruzando os cortejos...
Parece que não tem fim.
Quantos lenços abanando...
Quanta dor que há em mim.
A morte beijou o monte
Disfarçada de alecrim.

Minha lágrima é a de todos,
Bem igual ao meu abraço.
Qual a lição deste dia?
Interrogação que me faço.
A morte bruta e maleva
Desta vez cerrou o laço.

GUJO TEIXEIRA

A DOR DE MUITOS É NOSSA

A DOR DE MUITOS É NOSSA
PELO PESAR QUE ME TOCA
DE CORAÇÃO APERTADO
COM A ALMA MEIO AOS PEDAÇOS
NA BOCA UM GOSTO DE SAL
SEM SABER DIZER ADEUS !

A DOR DE MUITOS É TANTA
QUE NÓS SENTIMOS TAMBÉM...
SILENCIOSA, DEMORADA
SEM PRECISAR DIZER NADA
SABEMOS DE ONDE ELA VEM...

VEM DA CERTEZA HUMANA
DAS INCERTEZAS DA VIDA
DO DESCASO DAS PESSOAS
DOS ACASOS QUE O DESTINO
INSISTE EM NOS ENTREGAR.

A DOR DE MUITOS É NOSSA
QUE NOS FEZ TAMBÉM CHORAR
PELAS MÃES, PELOS AMIGOS
POR TANTOS SONHOS PERDIDOS
QUE NINGUÉM MAIS VAI SONHAR...

A DOR DE MUITOS É NOSSA
NEM QUE A GENTE NÃO QUEIRA.
NOS DEIXA O LONGE TÃO PERTO
NOS APROXIMA AO INCERTO
ONDE A VIDA É DERRADEIRA.

PALAVRAS, QUASE NÃO CABEM
DENTRO DA DOR QUE SENTIMOS
FICAMOS DE OLHOS TRISTES
SABENDO QUE A DOR EXISTE
DISTANTE, E PERTO DE NÓS...

UMA ORAÇÃO PELA VIDA...
AOS QUE FICARAM PRA VER
NUNCA MAIS ACONTECER
TAMANHA DOR NAS PESSOAS
E ESTA DOR, EM QUEM SE DOA
VAI CUSTAR A NÃO DOER...

DIVIDIMOS ALEGRIAS
POR MUITAS COISAS COM TANTOS,
REZAMOS PROS MESMOS SANTOS
NO FINAL, SOMOS AMÉM !!!
TEMOS CORAÇÃO E ALMA
AMAMOS QUEM NOS QUER BEM.
A DOR DE MUITOS É TANTA
É TUA, E NOSSA TAMBÉM.

PAULO RICARDO COSTA:

Partiu!

Partiu!
Meu coração se partiu,
Outros corações se partiram,
O Rio Grande chora...
O Coração do Rio Grande chora,
A vida para... os olhares param,
Não há sorriso, não há luz!

Quem viu, jamais esquecerá;
Quem não viu, imagina!
A noite escureceu... a lua não veio,
as estrelas ofuscaram-se;
Vieram murmúrios, gritos,
Depois o silêncio e a dor;

A gente tenta entender a vida,
Mas quando os sonhos se partem,
Não há vida... não há esperança,
Ficam perguntas sem respostas,
e desculpas sem sentido;

Minha Santa não será mais a mesma!
Haverá sempre um olhar de tristeza,
um sorriso desbotado, uma dor escondida;
Talvez o tempo, quem sabe, só o tempo,
Senhor de todas as verdade...
Dono de todas as lembranças...
Ideal para todas as angústias...
Só o tempo poderá dizer o que ainda não ouvi;

A certeza é incerta...
Os pensamentos são vagos...
A esperança calça esporas...
E a vida perde o sentido!

Muitos Partiram!
Muitos ficaram!
E o que será o amanhã?
Talvez seja apenas mais um dia,
de clamor, de oração, de incertezas;
Enquanto os ratos se desviam pelos
tuneis fétidos do poder...
Enquanto as leis libertam monstros,
das clausuras da ganância;
Enquanto rostos maquiados desfilam
nas lentes da fama,
Os olhos pairam diante a justiça...
Bocas clamam, lágrimas rolam...
Mãe enterram filhos...
Sem saber o porquê!

Meu coração Chora!
Porque chorar vale a pena,
Porque lágrimas são remédios,
Porque amor não tem sexo,
não tem raça, não tem tempo,
não tem distância:
A dor é de todos que são verdadeiros,
que são humanos, que são reais...
E não vivem nas sombras imundas,
que separam os sonhos, do poder!

Talvez nunca, ninguém entenderá,
Talvez nem o tempo entenda...
Que a justiça é injusta...
Que o poder manda...
Que o dinheiro corrompe...
E que a vida vale muito pouco,
para muita gente.

Partiu!
Meu coração partiu!
Outros corações partiram!
Porque antes de querer tudo,
quero apenas ouvir o meu coração,
Porque só me basta ele para viver,
para sonhar e para se feliz!
Simplesmente, Feliz!

HENRIQUE FERNANDES:

Santa Maria mãe de Jesus!
Minha prece inicia de olhos fechados
E dedos cruzados com o terço na mão...

Me ponho em silêncio falando calado
na busca de um Deus que insisto clamar.
E peço somente... e clamo e indago
e busco saída que custo encontrar

A prece consola, amansa, alivia
Em prece a poesia de paz e amor.
Enxugo a lagrima num canto de adeus
E entôo aos meus meu grito de dor.

Procuro respostas sem nada encontrar...
Indago a inocência de quem deu a vida
Salvando outras vidas sem a própria salvar.

Maria de Deus, Maria dos homens.
Por Santa teu nome me quedo implorar.
-abriga teus filhos no teu manto santo
calando meu pranto que insiste chorar.

Em cinzas voltamos ser pó novamente
...a cinza das brasas da chama mais quente...
Só assim percebemos o que somos em verdade!
Sucumbo o silêncio na dor da saudade...
... e amargo a tristeza nas lágrimas de um pai
que chora a partida de um filho que vai.
E a mãe sem consolo suplica pra DEUS...
-devolva meu filho, o filho que é meu-

O fogo na carne...
...nos ossos,
na alma...
O ar que era puro, tão doce e tão leve...
Adentra as narinas queimando a mucosa
na densa fumaça que em hora padece.

E o porquê disso tudo não cabe resposta,
A vida é uma aposta num jogo de sorte.
Nascemos com a morte (de feto a criança).
E desde a infância se busca aprender
Que o dom de viver esta na esperança.

Uma legião de obreiros os aguardam no portal,
Desta passagem carnal de espíritos verdadeiros...
Este plano é passageiro e o acaso não existe.
A vida segue e consiste noutra forma de viver
Se morre pra renascer, pois o espírito é que persiste.

Enquanto gastam o tempo
Tentando achar o culpado...
O fogo já foi apagado
Pelas lagrimas de lamento...
Fica a dor e o sentimento
Em fagulhas de saudade
Que agora na eternidade
Reluz com outra magia.
Teus braços MARIA
Ternura e bondade.

FABRICIO VARGAS E PAULO RICARDO COSTA:


AOS OLHOS DE QUEM FICOU

Meus olhos marejam silêncios na manhã tristonha,
As rosas murcharam e o campo chorou verdades...
A esperança se perdeu pelas estradas escuras
Que a morte escolheu para enfrenar saudades

Fica um redomão solto à espera de um ginete,
Um basto adormece triste na ausência do dono,
O galpão silencia sem versos pra declamar...
A estrada ficou longa, num completo abandono.

Aos olhos de quem ficou, a saudade calça espora,
Recuerdos das noites junto ao fogo de chão
Nas cantorias perdidas nos confins da memória
Chora triste uma viola no pontear de um coração.

Secaram as rosas do campo e outra rosa se partiu
Enquanto a noite sumiu na loucura da ganância
Um Pai chimarreia só, a mãe perdeu o chão...
E uma prenda deste rincão perdeu-se pela distância.

Não há respostas diante aos olhos de Deus!
Quem sabe dos seus, como o pai sabe de um filho,
Não escolhe o destino pra quem anda neste chão
Nem há paz no coração quando a vida perde o brilho;

Aos olhos de quem ficou, tem rios lagrimejantes,
Um vazio de estrada longa no lamento de uma dor,
O sul do mundo chora quieto no silêncio de cada um,
O céu bordou-se de estrelas e os anjos cantam louvor!

KAYKE MELLO:

Minuto de Silêncio

Um minuto de silêncio a todos que foram embora,
pois hoje minh’alma chora em respeito a quem partiu.
Coração parece um rio que desagua mar a fora,
buscando um consolo agora pra afogar este vazio.

Mil minutos de silêncio a cada ermão que caiu,
pois nada enternece o frio no peito de quem ficou.
Sei de muita mãe que orou, onde a fé sobressaiu.
Mas o tempo obstruiu e a rosa petrificou.

Temos d’erguer a cabeça para seguirmos em frente
E caridosamente abraçar os meus, e os teus,
Dos ateus a fariseus, do coração até a mente
Deixo em versos tristemente o meu simplório adeus.

Kayke Mello 28/01/2013 02:18

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