segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

COLMAR PEREIRA DUARTE

Colmar Pereira Duarte, nascido em 21 de maio de 1932, no interior do município de Uruguaiana, filho de Luiz Duarte Jr e Alice Pereira Duarte. Poeta, escritor, pesquisador e compositor. Tem três livros de poesias editados: Sesmaria dos Ventos, (1979), Cancha Reta (1986) e Cardo (1993) e dois inéditos, em preparo: Caraguatás e O Jardineiro Cego.
É autor de obras para balé, criadas para o balet de Brandsen da Argentina, como Curuzi Gil e Garibaldi e Anita, e de uma transposição para o balé da lenda da Salamanca do Jarau, apresentada em 1974 na 4ª edição da Califórnia da Canção Nativa e em temporada no Teatro Leopoldina Juvenil, em Porto Alegre. Foi apresentada, também, como convidada especial, na Noite de Integração Americana, pelo mesmo grupo no Festival de Cosquin, na Argentina, em 1976. O balé da Salamanca do Jarau é considerado a primeira co-produção brasileiro-Argentina para o teatro.
Criou uma peça para teatro chamada Fogões do Rio Grande, apresentada na primeira Festa Nacional da Lã de Uruguaiana.
É autor de várias letras de canções gravadas e de outras tantas inéditas. É fundador do Grupo de Artes Nativas Marupiáras, com vários prêmios na primeira Califórnia, inclusive com a Calhandra de Ouro (prêmio máximo do festival).
Em Uruguaiana, foi Patrão do CTG Sinuelo do Pago, do qual é Benemérito, presidente do Conselho de Cultura do município, é membro do Instituto Histórico e Geográfico. É um dos poetas mais requisitados como jurado de concursos de música e poesia, possui diversos trabalhos de pesquisa sobre temas do Rio Grande do Sul, muitos já publicados em jornais e revistas e outros inéditos.
Organizou o Museu Crioulo do município de Uruguaiana. Obteve junto a Glaucus Saraiva o acervo do Museu Piá, único em seu gênero, que destinou ao CTG Sinuelo do Pago e que hoje valoriza seu patrimônio.
Entre os principais prêmios recebidos estão: Primeiro prêmio de Folclore – 1970, Calhandra de Ouro da Califórnia – 1970, Primeiro Prêmio de Poesia – 1980, Medalha de Ouro do Município – 1995, (todos em Uruguaiana), Primeiro Prêmio de Fotografia (Santa Maria) – 1970, Chasque de Ouro (Santana do Livramento – 1983, Troféu Bento Gonçalves (Triunfo) – 1992, Clave de Ouro como Personalidade do Nativismo na Década de 80 (Porto Alegre) 1992.
Na década de 80 participou de um projeto organizado pela Fundação Landel de Moura (FEPLAM), denominado Os Imortais do Rio Grande.
É idealizador da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul e um dos criadores. É de sua autoria o primeiro regulamento, a escolha do nome do festival e do troféu-símbolo a Calhandra de Ouro.

ÚLTIMO ATO
Colmar Duarte

A morte chegou de quieto,
com alpargatas farpudas
de tanto campear viventes.

O sol recém despontara
sobre os pastos serenados
daquele final de agosto.

Mateando, de frente à porta,
ia pensando recuerdos
por não ter com quem prosear.

A vida é um rio de esperanças
que o tempo enche de remansos
onde nadam as lembranças
quando não se sonha mais.

Estava assim distraído
quando ela tocou o seu ombro.

Quis levantar
mas tombou, soltando a cuia da mão.
A cuia rolou pra longe
deixando um rastro e um som...
A morte o deixou caído;
Quebrou a cuia do mate,
sofrenou seu coração.

Quando alguém chegou à porta
que emoldurava o silêncio
daquele quarto vazio,
achou o seu corpo de borco,
com o rosto contra o chão;
o chão - um tronco de angico,
ele - a casca de cigarra
deixada na mutação.

Morreu tal como vivera
sem aviso, sem alarde.

Seu último confidente
foi essa cuia de mate da manhã,
do fim de tarde,
que rolou da mão sem vida
deixando um rastro e um som...

Morreu tal como quisera
por gostar da solidão;
Solteiro,
sem neto ou filho
pra chorar porque se foi.

No velório,
só o silêncio acompanhava o balanço
da chama das duas velas
no ritual do relembrar.

Companheiro como poucos
nunca negava o estrivo
ou deixava um compromisso
pra um passeio
ou um serviço.
Mate pronto,
água caliente
ou de pingo pelo freio,
mas não largava na frente
sempre esperava um convite.

E os silêncios que ele tinha
guardados de muito tempo?

Daqueles que só os amigos
podem juntos desfrutar.

Quando as brasas dos borralhos
se acomodam para dormir,
já não chiam as cambonas
nem há causos pra contar,
cada qual com seus recuerdos
confidenciando segredos
nesse dialeto casmurro
onde a palavra é demais.

Dizem que o homem já nasce
com o destino traçado.
Ninguém vive por acaso
mas cumprindo uma tarefa.
Como se fosse uma peça
de um tabuleiro invisível
onde um Deus joga xadrez!

Como um tonto personagem
de um circo de marionetes
numa cena repetida
pela vida,
tantas vezes,
preso a uma cruz de cordões.
E a mão que nos move os passos
estabelece os fracassos
e determina as conquistas.

Dos marionetes artistas
este foi coadjuvante.
Passou nos palcos da vida
sem despertar atenção.

Acho até que foi por isso
que nunca quis se casar.
Pra não subir nesse palco
como artista principal.

Mas a morte entrou em cena.

E nesse Ato Final
o pôs no meio da sala,
com luzes ao seu redor.

Todos rezaram por ele.
Todos tiraram o chapéu.
E o levaram do cenário
com as flores e o caixão.
Com todos os seus silêncios
guardados para nunca mais!

ANTÔNIO AUGUSTO FAGUNDES - NICO FAGUNDES

Antônio Augusto da Silva Fagundes, Antônio Augusto, “Nico Fagundes”, ou simplesmente “Nico”, como é carinhosamente chamado por todos que privam da sua intimidade, não é gaúcho por acaso. Com sangue de tradicionais famílias campeiras da Fronteira Oeste do Estado, nasceu no interior do Alegrete, no distrito de Inhanduí, no histórico Cerro dos Farrapos, nos campos de seu avô, do qual, através do pai, herdou o lenço branco, que não dispensa jamais.
Desde a adolescência se destacou nos estudos dos temas rio-grandenses, como poeta, folclorista, declamador, orador e comunicador. Iniciou-se no jornalismo “Gazeta de Alegrete”, mais antigo jornal do Rio Grande do Sul e no rádio na ZYE9-Rádio Alegrete. Como secretário dos Cadernos de Extremo Sul, dirigido por Hélio Ricciardi, editou vários poetas alegretenses. 
Vindo para Porto Alegre, em 1954, ingressou no “35 CTG” pelas mãos do saudoso Lauro Rodrigues, onde se tornou o mais jovem Patrão do “Pioneiro”.
Tornou-se redator do jornal “A Hora”, primeiro jornal a cores do Brasil, fazendo durante anos a página “Regionalismo e Tradição” . 
Em 1955 ingressou no Instituto de Tradição e Folclore, dirigido por Carlos Galvão Krebs, seu amigo e mestre, onde por oito anos fez sua formação como folclorista, especializando-se em cultura Afro-Gaúcha.
Como sapateador da Invernada Artística do “35” CTG torna-se professor de danças folclóricas e inicia a formação de Invernadas Artísticas no CTG “Aldeia dos Anjos, Tiarayu, e” Saudades do Pago da VARIG e posteriormente viria a ser, também, professor de Literatura Gauchesca, nos cursos do IGTF.. 
Embarcou para a Europa como sapateador do grupo o ”Os Gaudérios”, morou por cinco meses em Paris onde visitou o norte da África, observando os costumes das tribos da orla do Grande Deserto. Na volta iniciou suas pesquisas de indumentária Gaúcha e Tradicionalista, cuja tese foi aprovada no Congresso Tradicionalista de Taquara em 1961. 
Foi contratado como ator pela “TV Piratini”, tornou-se um dos fundadores do Conjunto de Folclore Internacional “Os Gaúchos”, foi diretor por muitos anos continuando integrante durante 15 anos.
Do casamento com Marlene Nahas tem cinco filhos, Antônio Augusto Filho, Márcia, Valéria, Rodrigo e Alexandra.
Diplomou-se em Folclore e Direito, cursou pós-Graduação em História do Rio Grande do Sul e Mestrado em Antropologia, sempre na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 
A “TV Tupi” estréia sua peça, “João Cruzeira” e viaja para a França com “Os Gaúchos”, ganhando vários prêmios em festivais de danças folclóricas. 
Escreveu o roteiro do filme “Para Pedro”!, sucesso nacional, atuou como ator, assistente de diretor e consultor de costumes no filme “Ana Terra”. Escreveu e interpretou o filme “Negrinho do Pastoreio” com Grande Otelo, produziu, dirigiu e interpretou o filme “O Grande Rodeio” e escreveu a peça teatral “A Proclamação da República Rio-grandense”.
Desde 1982 é contratado como apresentador do Programa “Galpão Crioulo” da RBS-TV, em 1984 passou a apresentar o “Galpão Nativo” da Rádio Gaúcha, e retornou ao jornalismo, escrevendo para a “Zero Hora”. 
Foi professor da Faculdade Palestrina, em cursos de pós-graduação em folclore, professor titular das cadeiras de Teoria do Folclore, Folclore do RS e História da Cultura.
Gravou cinco discos. Conta hoje, com mais de cem canções gravadas por vários artistas gaúchos. Dentre essas destaca-se o “Canto Alegretense”, hoje gravado por cerca de 30 artistas regionais, nacionais e internacionais.
Exerceu importantes cargos, em diversos órgãos estaduais e federais, viajou pelo mundo inteiro em viagens de trabalho, turismo e estudos. 
Fundou e tornou-se Comandante dos Cavaleiros da Paz, vindo a efetuar várias cavalgadas com roteiros estaduais, nacionais e internacionais, do Brasil ao Paraguai, Bolívia, Argentina, Chile, atravessando a Cordilheira dos Andes. 
Têm onze livros publicados, quase todos com reedições. Sua poesia, formalmente lapidada, é muitas vezes rica em informações culturais, mas nos poemas e nas canções é sempre o romântico da velha cepa. 
Ganhou inúmeros prêmios em poesia, canções gauchescas, declamação, danças folclóricas e teses. É detentor de inúmeras medalhas e distinções, Mestre em Truco, com diploma do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
É membro da Academia Brasileira de Letras da Maçonaria e membro do Instituto Histórico da Maçonaria.
É citado elogiosamente por Érico Veríssimo, Luis da Câmara Cascudo e Augusto Mayer e pelo grande folclorista argentino Carlos Veja. Além de receber elogios por escrito e de público de Batista Luzardo, Antero Marques a Carlos Reverbel.
É verbete obrigatório, em enciclopédias e antologias que tratam da cultura no Rio Grande do Sul. Antônio Augusto é cidadão Honorário de Porto Alegre e de inúmeras outras cidades. 
No lombo do cavalo, varando pampa e fronteiras andou sempre “Com a lua na garupa”, título do seu primeiro livro de versos. Agora, homem maduro, contraiu núpcias com Ana Luiza Nunes, de cujo casamento nasceu o filho André Taquari, continua o mesmo romântico de sempre, “Ainda com a Lua na Garupa”, seu mais recente livro de poesia.
Apesar do destino tentar pregar-lhe uma peça, afastando-o dos palcos dos maiores eventos do estado, onde sempre foi presença obrigatória, como orador, apresentador, artista ou autoridade especialmente convidada, para alegria de todos, já está de volta assumindo o comando que sempre foi seu. 
Poeta, professor, pesquisador, Antônio Augusto é considerado um dos maiores historiadores gaúchos da atualidade, além de ser um ícone da comunicação do Rádio, Jornal e Televisão Gaúcho.
Luiz Menezes, um dos poetas mais românticos do rádio gaúcho afirma convicto que: “O poeta mais romântico do Rio Grande do Sul é: Antônio Augusto Fagundes”.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Ensaio para a Gravação do DVD

O ano de 2013 começa em alta para os "Galponeiros" que irão participar do 2º DVD do Galpão que será gravado em Fevereiro. No dia 8 de Janeiro, uma terça-feira, a partir da 20 hs. terá ensaio geral de declamação, como preparação para o DVD, na Sede Social do CTG Bento Gonçalves, ali na BR 158 - Próximo ao trevo dos quartéis.
Todos os Galponeiros estão convidados a se fazerem presentes. Claro, como ninguém é de ferro e Poesia alimenta a alma, mas não alimenta o corpo, logo após o ensaio uma "boia" boa, por conta do Nairo Coutinho.

A ARTE DA DECLAMAÇÃO

Muita coisa nesse texto do Leandro está no Polígrafo elaborado pelo Galpão da Poesia Crioula de Santa Maria,  lá por 1999/2001 falando dos fundamentos da Poesia, isso mostra que uma pequena semente plantada já vem dando seus frutos. Essa é a função do Galpão da Poesia Crioula.
Leiam que tem muita coisa interessante para quem quer conhecer mais sobre poesia.

A declamação é uma arte cênica. Resumidamente, trata-se da recitação de textos poéticos. É uma arte universal, difundida praticamente em todos os povos que possuem palavra escrita.
Originou-se provavelmente na Grécia. Um dos primeiros registros históricos do que pode ter sido o precursor da declamação nos moldes conhecidos hoje em dia vem de 534 a.C., quando o poeta grego Téspis, durante uma encenação em forma de cântico em honra ao deus Dionísio, afasta-se dos demais integrantes do coro e recita outro cântico, de forma falada, sozinho.
A interpretação da poesia no Rio Grande do Sul é um capítulo à parte na bela história poética brasileira. Tradicionalmente sozinho, o declamador, que também pode estar acompanhado de instrumento musical, utiliza elementos básicos de interpretação (postura cênica, fundamentos de voz) e talento para transmitir a mensagem do poeta. São as qualidades técnicas que envolvem fundamentos de voz e cenicidade postural, enquanto o talento advém da capacidade que o intérprete tem de manipular suas emoções, de maneira que os interlocutores “vejam” e “sintam” aquilo que está sentindo no momento da declamação.
O estilo que vemos nas apresentações de hoje são uma mescla da declamação que já havia nas culturas de origem ibérica na América do Sul; em seguida, como uma forma de “ostentar a erudição” de suas filhas, os homens mais abastados promoviam serões em seus casarões onde as mulheres declamavam poemas de poetas clássicos; futuramente ganha ares de crioulismo, quando poetas como Aureliano de Figueiredo Pinto e Vargas Neto, entre outros, começam uma produção poética com temática campeira e regional.

A ESCOLHA DO POEMA
Quando tratamos da escolha de um poema para interpretá-lo, um dos primeiros questionamentos que ouvimos é referente ao fato dele ser adequado ou não. Dúvidas quanto o poema ser certo ou errado, masculino ou feminino são corriqueiras entre os declamadores, inclusive experientes.
O que pode determinar se a arte é certa ou errada? A resposta é a seguinte: não há poema errado. O que pode haver é um poema inadequado à proposta da apresentação. Concursos, tertúlias, apresentações, serões, festivais... Há espaço para todo o estilo criativo poético. As recomendações mais simples visam a observação do bom-senso.
- com relação a um poema ser masculino ou feminino: o que se pode afirmar de certeza é que sendo a declamação uma arte cênica e o declamador um intérprete, o gênero, implícito ou explícito, não interfere negativamente na avaliação que se faz de um declamador. Muito pelo contrário, pois quanto mais elementos dramáticos o poema oferece, mais se pode extrair cenicamente do mesmo. E isto é levado em conta no momento em que se avalia uma interpretação. Claro, o bom-senso sempre deve ser o limitador que separa o que é válido e o que é exagero.

Escolhido o poema, após um estudo do vocabulário, o declamador pode decorá-lo. Sempre respeitando a pontuação correta, evitando-se decorar o poema “linha por linha”. Tente lê-lo como se fosse um texto em prosa, parando e pausando nas pontuações apenas, o que vai favorecer muito na hora de começar a ensaiar.

NO PALCO
A POSTURA DO DECLAMADOR
Após ser chamado pelo apresentador, o intérprete pode cumprimentar a comissão avaliadora e entregar a cópia do poema para fins de avaliação de fidelidade ao texto. Esta cópia deve ser livre de dobras, amassados ou rasuras. Evite ao máximo manuscritos ou cópias reaproveitadas de outros concursos. Ao microfone o declamador apresenta o título e o autor do poema e se prepara à sua maneira para iniciar a recitação. Apenas título e autor. Nada de nome, idade, entidade, cargo. Também não é necessário o famoso “declamarei uma poesia”, haja visto que é óbvio que este é o objetivos de todos ali. Também não há necessidade nenhuma do declamador ir cumprimentar novamente a comissão avaliadora ao terminar o poema. Neste momento os avaliadores estão atribuindo notas, somando e debatendo sobre detalhes relacionados ao que foi apresentado no palco; agradeça a atenção e os aplausos no microfone e pronto.

O declamador não tem obrigação nenhuma de ter conhecimento de equalização ou preparação do som. Normalmente os eventos providenciam que tenha uma pessoa responsável para que estes detalhes sejam prontamente verificados. Quando isto não acontece, o próprio intérprete tem que procurar a melhor condição para fazer sua apresentação.
O microfone é um aliado. Ele está ali justamente para que nos façamos entender sem necessidade de gritar ou fugir do nosso tom normal de voz. Um cuidado que temos que ter com ele é de não deixá-lo em uma posição que cubra o rosto ou que não atrapalhe a dicção. Uma dica é deixá-lo na altura do queixo; outra dica é posicioná-lo há um punho fechado de distância da boca, pois desta forma se evita que o ar que sai da boca na construção dos fonemas apareça nas caixas de som, dando aquela impressão de “sopro”.

Em tese, quem faz o público é o declamador. Se uma apresentação se faz de forma que atraia a atenção para si, a platéia vai fazer silêncio. Mas isto é um tanto relativo. Por via das dúvidas, devemos considerar que a atenção e a concentração fazem parte do trabalho interpretativo. Que conversas paralelas atrapalham não há dúvida, mas abster-se do ambiente é uma capacidade que está bem definida entre as qualidades do declamador. O som do acompanhamento musical ajuda bastante neste detalhe.
O acompanhamento musical, como o próprio nome diz, serve para acompanhar o declamador. A música, além de trazer uma “beleza sonora” à apresentação, ainda oferece uma forma de o intérprete abster-se do ambiente físico transpondo-se para o mundo do poema. O trabalho do instrumentista jamais deve impor-se ao do intérprete, que é na verdade o elemento principal da apresentação.

INTERPRETAÇÃO, POSTURA CÊNICA, EXPRESSÃO GESTUAL E FACIAL
A interpretação (transmissão da mensagem poética) é o elemento principal da declamação, ela que determina quando se está “falando uma poesia” ou realmente declamando. O bom intérprete consegue transmitir a mensagem do poeta de forma que a platéia assistente sinta o mais próximo possível aquilo que o autor estava sentindo no momento da composição. E este é o item mais difícil de se trabalhar, pois trata de uma questão de talento e subjetividade. O intérprete é um ator, a ele cabe convencer, seduzir ou induzir a assistência, fazer brotar emoções, conduzi-la pelo mundo que o poeta sonhou, vislumbrou ou imaginou.
O declamador deve utilizar-se de elementos que servem para externar suas emoções: postura cênica, expressão gestual e expressão facial. Todos são ferramentas cênicas externas, mas que servem como vitrine para trabalhar o sentimento interior, tanto do declamador quanto da platéia.
Tecnicamente, a postura em que o declamador deve apresentar-se é de pé, voltado à platéia – esta postura é uma imposição do microfone, não uma necessidade obrigatoriamente fundamental. Claro, o fato de estar de pé facilita e muito a construção gestual de vários elementos que podem aparecer no poema.
A expressão gestual até bem pouco tempo era erroneamente chamada de “mímica”. Ora, se mímica é uma representação corporal que substitui a palavra falada, logo não pode ser usada em uma apresentação de declamação, que é oral. A expressão gestual deve ser feita de forma natural, sem exageros ou repetições. Não serve para substituir a palavra, mas para ilustrá-la. Um dos principais exageros que percebemos nos concursos de declamação é usar a expressão gestual para o óbvio, como apontar para os olhos, por exemplo, quando o poema fala em “olhos”; de certa forma esta atitude acaba confrontando a própria inteligência da platéia.
A expressão facial é o principal elemento da interpretação. É com o rosto que o declamador expõe o seu emocional. O uso desta expressão está condicionado diretamente à boa compreensão do poema por parte do intérprete. Se este não compreende o poema, não pode representar a mensagem poética através da representatividade emocional da face.

FUNDAMENTOS DA VOZ
A voz é a ferramenta principal do declamador. É através dela que existe a interação entre intérprete e público. Assim com as expressões gestual e facial, através da voz pode-se exprimir sentimento e deixar transparecer a emoção. Mas neste fundamento existe uma particularidade: tal emoção não pode ofuscá-lo de forma a deformá-lo, tornando difícil a compreensão do poema por parte de quem ouve.
Resumidamente, o declamador que possui uma boa dicção é aquele que fala com clareza, destacando cada sílaba de forma que qualquer um que ouça consiga captar toda a mensagem poética.
Impostar a voz significa fixar a voz nas cordas vocais, para que se emita o som em sua plenitude, sem tremor nem vacilação. Não se trata de “mudar a voz”, mas de torná-la limpa de falhas. Não pode ser confundida com dicção, pois uma pessoa pode falar de forma compreensível (com uma boa dicção), mas apresentar falhas que comprometam a pureza dos fonemas. Uma boa impostação de voz implica em uma maior atenção do público, pois possibilita uma concentração maior de quem procura captar a mensagem poética.
A inflexão de voz é um dos elementos mais complexos de se avaliar em uma interpretação. Tecnicamente, podemos dizer que toda a alteração no ritmo da fala é uma flexão da voz. Um dos erros mais cometidos por quem declama é o de “cantar” os versos, imprimindo um ritmo quase musical ao poema. Esta falha é na verdade uma exagerada flexão da voz, forçando o final de cada verso de forma que este pareça estar sendo cantado. Como sugestão, pode-se dizer que dentro de cada sentença do poema, o espaço entre duas pontuações, possui um elemento que resume sua idéia ou uma palavra que sintetiza aquele pensamento, é nesta palavra que o declamador deve reservar a flexão da voz, destacando-a sem alterar o ritmo da fala, dando a esta palavra uma tonalidade que reforce o seu sentido (força, grandeza, calmaria, sentimento, etc.). Em uma estrofe, podemos encontrar vários versos sequenciais que representam apenas uma idéia ou sentença, neste caso o intérprete verifica qual palavra sintetiza esta idéia para que seja feita a flexão de voz. 

TENHO DITO...
Esperamos que através deste trabalho despretensioso possamos ter contribuído com todos que, assim como nós, amam a poesia e procuram começar a interpretá-la. Não o encare como um material doutrinador, uma palavra definitiva. A declamação é uma arte criativa, cuja execução é particular de cada intérprete, seguindo seu estilo, sua vivência e sua qualidade cênica.
De qualquer forma, o conteúdo deste é um pequeno estudo que procurou definir alguns elementos da declamação, que muitas vezes ficam mais difíceis de serem definidos e compreendidos por não existir material impresso de qualidade que seja voltado exclusivamente para uso dos declamadores.
Este referencial pode ser replicado sem qualquer problema, mas gostaríamos de lembrar os amigos que, quando da reprodução total ou parcial, não esqueçam de creditar a fonte, pois este é fruto de pesquisa e trabalho.

Texto de: leandro@aquecimentocenico.com.br


O violão na poesia gaúcha


O uso do violão como acompanhamento de poesias

Amigos, este é um tema muito discutido pois a poesia gaúcha recitada ou declamada é muito presente no meio cultural Riograndense, seja em rodeios, festivais, concursos etc, e o violão, pelo que se vê, é o instrumento musical mais utilizado para a execução da trilha musical que sempre existe juntamente com os poemas. O executante do violão que acompanha poesias é chamado de "amadrinhador" aqui pela gauchada e é um músico que deve ter habilidade específica para este fim, pois não é simplesmente tocar violão enquanto o declamador desempenha sua função, mas criar todo um ambiente sonoro para que a mensagem do poema aflore e o declamador desempenhe sua função com comodidade e emoção.

Existem três possibilidades de executar uma trilha musical no violão para o acompanhamento de poesias:
1) Compondo um tema específico para o poema em questão - Este é o procedimento mais apropriado e o que confere melhor qualidade ao trabalho. Se você tem condições de conhecer o poema com antecedência e, principalmente se você é compositor este processo é muito interessante. 
Você faz isso da seguinte forma:
- primeiro, leia e releia o poema e entenda a mensagem da poesia;
- utilize recursos de tonalidades MAIOR ou MENOR dependendo da mensagem do poema, se é "triste" ou "alegre". Geralmente os tons maiores são usados em músicas mais alegres (Lá maior, Mi maior, etc) e os tons menores em músicas mais tristes, introspectivas etc.
- utilize ritmos apropriados para a mensagem da letra. Da mesma forma que no ítem anterior, os ritmos também tem a ver com a intenção da mensagem poética, ficando os ritmos mais lentos para temas mais introspectivos e o uso de ritmos mais alegres e dançáveis para temas mais descontraídos.
- crie "momentos musicais" de acordo com os momentos do poema, utilizando os recursos anteriores;
- lembre sempre que você deve estar "conectado" com o declamador. Partes fortes, silêncios, pausas, tudo isso deve ser bem aproveitado pelo amadrinhador para explorar ao máximo a dinâmica da música.

2) Utilizando músicas já existentes - Neste caso você pode utilizar temas musicais já existentes que se adaptem ao poema que está sendo recitado. Não é aconselhável usar músicas muito conhecidas como fundo musical (Canto Alegretense, por exemplo) para não distrair a atenção do ouvinte e do declamador, pois são melodias muito fortes que estão completamente inseridas no inconsciente das pessoas. Se quiser usar, use com muito cuidado e apenas em pequenos trechos. Existem os temas específicos utilizados para poesias, como clichês (trecho musical curto usado em várias músicas que não deve ser confundido com plágio) em várias levadas rítmicas, principalmente milongas, os quais você pode utilizar tranquilamente. 

em www.marcellocamiminha.com no ítem AULAS EM DVD, na loja virtual 
http://www.marcellocaminha.com/?pg=3122 estão disponibilizados uma série de possibilidades para utilização em poesia. Dê uma olhada lá...

3) utilizando a improvisação - quando você é chamado de última hora e não tem tempo de conhecer o poema, apele para o improviso. Neste caso, as levadas de milonga são as mais utilizadas. Daí você tem que ter uma certa prática de improvisação. Lembrando que este não é o método mais indicado. Use somente quando necessário, pois o improviso é uma coisa que nem sempre sai legal, pois vai muito de a gente estar no clima certo, naquele momento.

sábado, 29 de dezembro de 2012

TELMO DE LIMA FREITAS

O casal Leonardo Francisco Freitas, Oficial do Exército, e dona Mariana de Lima Freitas, uma campeira de São Francisco de Assis, legaram ao Rio Grande, esse Samborjense, que é uma legenda viva, cada vez mais um mestre, Telmo de Lima Freitas. 
Poeta músico, compositor e um inspirado escultor e artesão. Pai de 3 filhos, Ione, Ana Elisa e Leonardo Francisco (Kiko), que lhe deram 4 netos e uma bisneta. É autor de incontáveis composições, cuja principal temática é a vida campeira, que aprendeu e viveu com os velhos mestres samborjenses. Norteia seu trabalho pela lealdade que mantém as raízes do Rio Grande. Longe dos modismos nativistas, evita patacoadas do gaúcho de anedota, fanfarrão e superficial. 
Ao contrário de muitos que definem sua arte como “xucra”, Telmo é hábil no registro do que chamamos de primitivo. E não faz música gratuita.
Costuma abordar a atividade ou profissão do homem e da mulher do sul, com temas como o próprio Esquilador, Costureira, Taipeiro, Aguateiro e Açougueiro, entre tantos. Muitos o chamam de “antropólogo”, pois, se requinta em desvendar homens e mulheres que jamais terão mais do que vidas anônimas, mas que ensinam e que são ricos como figuras humanas. 
Possui cinco discos gravados: “O Canto de Telmo de Lima Freitas”; “Alma de Galpão”; “De Pé no Estribo”; “Rastreador” e, recentemente, lançou o CD, ”A Mesma Fuça”; recebendo, com este último, o Troféu “Açoriano” em duas categorias: Melhor Compositor e Melhor CD Regional. Suas composições foram gravadas por diversos intérpretes, inclusive no exterior, algumas com tradução para o espanhol e italiano. É autor, também do livro de poesias crioulas “De Volta ao Pago”. Noutras plagas certamente já lhe teriam posto um “Dom” à frente do nome, tal a sua importância na música rio-grandense.
Como músico começou guri, pois aos 2 anos de idade aparece na Revista “Cacimba” com um cavaquinho na mão, presente de sua madrinha, com postura de quem fosse tocar. Mas a sua iniciação se daria lá pelos 8 anos, quando ganhou um violão do compositor de cavalos, amigo dos Freitas, Leôncio Pereira da Cruz, que viria a ser seu cunhado. Tocava um violãozinho, meio escondido no galpão, pois o velho não sabia de sua existência. Lembrou e contou seguinte diálogo:
“O Leôncio, meu cunhado, chegou no aniversário de meu Pai e disse”: Ô seu Leonardo, vou lhe dar um presente hoje e acho que o senhor vai gostar. Meu pai gostava de música e minha mãe tocava um violão: “Cheguei, meio sem jeito, com cara de cachorro que lambeu graxa, com o violão na mão, meio tremendo, cantei uma música. O Meu pai agradeceu, mas não disse que gostou. Depois me chamou e disse:” Olha vamos dependurar esse violão ai, por que temos que primeiro aprender a ler, ir pro colégio, fazer as obrigações da casa. Quando tiver um tempinho, daí tu vais pegá-lo. Vais ter tua época para pegar o violão “. 
E foi pegando o violão, de vez em quando, tendo como mestres, seu Neli Rodrigues e Peixinho, que, em 1947, então com seus 14 anos, participou em São Borja, do grupo musical, “Quarteto Gaúcho”, composto por Glênio (gaita de boca), Jaime Fagundes (violão), Lulu (pandeiro) e Telmo (violão e voz). O Quarteto se apresentava em tudo o que era lugar, com pilchas gaúchas, mas repertório nem tanto, pois o que existia, na época, era música paraguaia, sertaneja, Bob Nelson e mais tarde, Pedro Raimundo. O “Quarteto”, com muito orgulho, no fim da II Guerra, recepcionou, em nome de São Borja, os expedicionários da Força Expedicionária Brasileira – FEB, Alício e João Messa, que voltavam da Itália. Conta ainda que: ele, sua irmã e um guri, amigo de infância, chamado Falcão, cantaram na Praça, o Hino ao Expedicionário. 
Apresentador, na década de 1950, do programa gauchesco chamado “Porongo de Pedra” na Rádio ZYFZ-Fronteira do Sul – São Borja. Em 1957, foi vencedor, com uma valsa de sua autoria, do concurso Gaita de Botão, no famoso programa “Brim Coringa” da Rádio Farroupilha, dirigido por Darci Fagundes e pelo poeta-cantor, e mestre da guitarra, Luiz Meneses. Em 1969 participou do 1º Festival de Música Regionalista, organizado pela Rádio Gaúcha. Participou ainda, do filme, “A Lenda do Boitatá”. 
Em toda a São Borja, Telmo fez muitos amigos, entre os quais Cláudio Oraindi Rodrigues, um alegretense inquieto, cheio de causos e pesquisas de folclore e de História ,que morava em Nhú-Porã. Recebeu Aparício Silva Rillo, quando o jovem poeta, recém-casado foi ser contador dos Pozuecos. Telmo e Rillo ficaram amigos e parceiros de gauchadas, pescarias, e, principalmente, de inquietações poéticas. Acabaram fundando o CTG Rodeio dos 7 Povos, em Nhú-Porã. 
Rillo escreveu uma peça de teatro, que fez muito sucesso em Nhú-Porã, em São Borja e em Porto Alegre, denominada “Domingo no Bolicho”, onde Telmo era ator, gaiteiro, violeiro e cantor.
O surgimento dos Festivais de Música Nativa, projetaram Telmo de Lima Freitas, de forma maiúscula. Com seus diletos amigos Edson Otto e José Antônio Hahn, criou um dos mais consagrados grupos de arte e cultura nativa que o nosso estado conheceu. “Os Cantores dos Sete Povos”, que ao longo de uma dúzia de anos fez com que gravitassem em torno dos inseparáveis companheiros alguns dos mais consagrados expoentes da música do nosso pago, desde Nelson Schardong a Carlos Castillo, Jarbas Pessano, Paulinho Pires, Joãozinho Pereira, passando por Adão Lamadril, Zé da Gaita, os aplaudidos irmãos José Luiz e José Carlos Santos, Xuxu da gaita e Beto Bolo, Heleno e Fátima Gimenez, dentre outros.
Com os “Cantores dos Sete Povos” Telmo teve suas vitoriosas composições participando ininterruptamente das 11 primeiras edições da Califórnia da Canção Nativa e de inúmeros outros festivais e apresentou-se nas principais capitais do país, como Brasília, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, etc., tendo constituído o grupo artístico que representou o Brasil, em 1980, nos festejos do 3º Centenário de Fundação da Colônia de Sacramento, no Uruguai.
É dele uma das mais notáveis composições surgidas ao longo dos 30 anos dos festivais nativistas, a Célebre Mazurca ESQUILADOR, Calhandra de ouro na 9ª Califórnia Canção Nativa. e tantas outras, muitas das quais, tem sido repetitivamente gravadas pelos mais aplaudidos cantores do Brasil e até de fala espanhola. Vencedor, de inúmeros festivais, tendo recentemente vencido a 9ª Guyanuba de Sapucaia do Sul, com a música Fogão à Lenha. 
Muitas de suas composições, são consideradas hoje, clássicos da música gaúcha, entre elas, Prece ao Minuano. Outras composições, passados vários anos de seus lançamentos, continuam sendo executadas, como é o caso, entre outras, de Morena Rosa, Bolicho do Tio Candinho, Lembranças, Prenda Minha e Primavera de Sonhos, e tantas outras. Mas é “Retorno” a música, que, de maneira especial, mexe com seus sentimentos, e, razão pela qual tem por ela um carinho muito especial, pois foi composta ao lado de sua mãe, dona Mariana, enquanto esta confeccionava, talvez uma bombacha, na sua velha máquina de costura, lá na São Francisco de Borja.
Telmo prossegue, levando sua arte para os mais variados rincões do Pago e do Brasil, comparecendo esporadicamente a um ou outro festival musical. 
Mas nem só de música viveu Telmo de Lima Freitas. Desde cedo, sempre teve gosto pelas lides campeiras. Quando guri fugia para a campanha, com os tios Dango, Santana, Gil, campereando, especulando, querendo saber tudo: Como se domava um potro, como se apartava um boi, como se trançava um laço.
Telmo sentou praça, no 2º Regimento João Manoel, aonde chegou a cabo. Passagem que ele nunca esquece, e, que foi marco na sua vida. Lá, bem no garrão da fronteira missioneira, e por isso mesmo, da “Velha Cavalaria do Rio Grande”, tem “muito pra contar”. Por ser um exímio campeiro, foi logo apartado para o que no Quartel chamavam de “Amansa Cavalos” e, como tal, prestou valiosos serviços ao Exército. Ajeitava os cavalos caborteiros, e, por bom servidor, tinha permissão para sair do quartel, com o cavalo encilhado. Naquela época, teve como seu grande amigo e parceiro, Galeno Fontela que lhe ensinaria tocar gaita de botão. 
Após dar baixa do Exército, começou a trabalhar na cidade. Entre outros afazeres, trabalhou nas Casas Pernanbucanas, depois num outro comércio, como vendedor das tintas gato, que os mais antigos devem lembrar, pois eram usadas para engraxar sapatos e botas. 
Muito conhecido como tropeiro, pois quem chegasse a São Borja, para comprar gado bom, era logo recomendado a procurar o Telmo, conhecedor do ofício, e, homem de toda confiança para os negócios, e que, juntamente com o compadre e amigo, Lucas Araújo, intermediava compra de gado, cavalgando por todo o interior missioneiro. Sempre muito arraigado ás coisas da terra, seguia amando a paisagem, aprendendo o segredo dos rios e dos pássaros, dos bichos do campo, mas sobretudo estudando o homem rural missioneiro, sabendo-se um igual, dono de seus arcanos, devoto de seu culto pagão. 
Foi cortador de arroz, e, chefe de “comparsa”, com oito peões fortes sob o seu comando, na hora de cortar o temido “arroz jacaré”, deitado no barro ou na enxurrada. 
Sua fama de bom tropeiro, de bom conhecedor de gado, de ajeitador de cavalos caborteiros, acabaria levando Telmo para bem longe da querência. Foi lá pelos idos de 1958, quando foi para Goiás, como Capataz, para montar e organizar uma Estância para o Dr. Francisco Laranja, com seu parceiro de sempre, Lucas Araújo. Devido a problemas de saúde de sua mãe voltou. 
Foi então que deixou o campo, e, resolveu fazer curso de enfermagem no Rio de Janeiro e, se tornou enfermeiro do SANDÚ, posteriormente transferido para Porto Alegre, de onde se voluntariou no Serviço de Prevenção e Repressão aos Crimes Contra a Fazenda Federal, que viria a ser a nossa Polícia Federal, onde atuou como Agente Especial e desde 1990, está aposentado.
Escreveu uma Plaqueta, tipo literatura de cordel, em versos para os pais, professores e alunos, na sua eterna luta contra as drogas, que foi editada pela Secretaria de Educação e Cultura de Cruz Alta, com a experiência do tempo em chefiava a INTERPOL, quando se tornou uma autoridade no combate a esse flagelo. 
Na corporação, sempre foi um funcionário exemplar, e, é ídolo dos colegas e companheiros, a ponto de ser o seu nome escolhido para o Galpão Crioulo da Associação das Policiais Federais do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. 
Ostenta com muito orgulho, o fato de ter sido homenageado, e, emprestado seu nome para o Galpão do 2º Regimento João Manoel, em São Borja, unidade onde serviu. 
Também, na cidade de Itararé, no interior de São Paulo, foi alvo de homenagem por uma entidade tradicionalista que passou a denominar-se Piquete Tradicionalista Gaúcho Telmo de Lima Freitas.
E foi assim que se fez gaúcho e brasileiro, como um homem de charqueada, que já salgou o garrão nos saladeiros, sempre com a faca bem afiada, para defender seus ideais, naturalmente. Esses ideais que, vem defendendo com maestria, nas cordas do pinho, nos botões da cordeona, nas muitas composições que escreveu, e que vai semeando o que colheu nos ensinamentos do pago. Fronteiriço que é, nunca esquece a querência. 
E quando o galo dobra o canto, 
O “amargo Santo já” lhe “faz Fiador”. 
E fica Ruminando penas
Nas suas “longas novenas de madrugador”.
Homem que conhece todos os caminhos do pago, a sua história, os seus costumes, o seu código de honra, pelo qual vive, e morrerá, se preciso. Pela intensidade com que vive suas emoções podemos dizer que tem o Rio Grande como coração. É um gaúcho 
Atualmente, vive, na companhia de Dona Iara, sua esposa, numa casa de pedra, em Cachoeirinha, decorada a preceito, com antiguidades raras que recolhe em suas andanças, onde se nota o bom gosto do exímio artesão que é. Lá estão, também: seu violão, sua coleção de gaitas de botão, seus cadernos com suas músicas e seus poemas. Tem anexo, um galpão, que chega a ser meio místico e meio mágico, de tão rústico e autêntico que é. Lá estão: o seu cavalo preferido, os seus cachorros companheiros, o cavalete com seus arreios, sua oficina e sua bancada de trabalho, seus avios de cozinha onde se diverte, e aos amigos, com os pratos que prepara com extrema competência, e, é claro, o seu catre para a sesta. Lá estão, os frutos de seu artesanato, arte em couro, barro e madeira. Qualquer antigüidade na sua mão, como que num passe de mágica, se transforma numa jóia de raro valor. Ali, no seu mundo mágico, estão seus sonhos campeiros, o seu amor indesmentido ao pago, a sua vocação de apóstolo, o seu caminho, e o seu ideal eterno... 
Sintetiza sua vida da seguinte maneira: 
“Meus Sonhos antigos, hoje realidade, neste pedaço de chão que estou vivendo, carregando na alma algum remendo que a vida sersiu, como bem quis; mas ergo a voz missioneira, mui minha, e grito aos quatro ventos: - Sou Feliz!”.
Assim é: TELMO DE LIMA FREITAS! Um autêntico apóstolo no que concerne à difusão dos mais profundos valores ético-culturais do gauchismo.

ANTÔNIO AUGUSTO FERREIRA - Tocaio Ferreira

Escritor era integrante da Academia Rio-Grandense de LetrasFoto: Claudio Vaz
Morre aos 72 anos o compositor Antonio Augusto Ferreira Claudio Vaz /
Nascido em São Sepé em 1853, ele era integrante da Academia Rio-Grandense de Letras e da Academia Santa-Mariense de Letras (ASL). Em 1980, ganhou a Califórnia da Canção Nativa com a música Veterano. 
Premiado em diversos festivais de música, Ferreira escreveu cinco livros e uma obra que chamam atenção pela musicalidade e pela inspiração no universo campeiro. Em Santa Maria, cidade que adotou em 1973, Ferreira era Oficial do Registro de Imóveis. A prefeitura decretou luto oficial de três dias. 
Há 12 anos, Tocaio Ferreira, como também era conhecido, convivia com o mal de Parkinson. Mas foi o avanço de um tumor no cérebro que silenciou o autor de poesias e canções inspiradas pelo universo campeiro. 
Ferreira passou a infância em São Sepé, onde nasceu em 1935. Mas só despertou sua veia poética na adolescência. Dos 14 aos 23 anos, começou a se dedicar à produção literária. Com o pseudônimo de Tocaio Ferreira, passou a publicar, nos anos 50, poemas em jornais como A Hora e Correio do Povo. 
Viveu em Porto Alegre, Passo Fundo, Sananduva, Santa Maria e Pelotas, onde cursou Direito. Passou 23 anos sem escrever nem mesmo uma linha. Foi o tempo em que construiu família e encontrou a estabilidade profissional. 
— Tive de renunciar à poesia como uma alcoólatra renuncia à bebida. Estava viciado em poesia. Parei para me dedicar à vida. Casei, tive quatro filhos e estudei — disse ele aoDiário de Santa Maria, em 2006.

O recomeço foi em 1980, com a música Veterano, escrita para um sobrinho vítima de um acidente. A canção levou a Calhandra de Ouro da 10ª Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana. Também é conhecido por músicas como Entardecer, Sanga e Guitarra. 
Em 1985, Ferreira lançou seu primeiro livro, Sol de Maio (poesia). Só em 1997 veio a segunda obra, Alma de Poço, também de poesias, seguida pelos CDs Alma de Poço 1 e 2.
Em 2001, ganhou o troféu Negrinho do Pastoreio da Poesia Campeira, do governo do Estado. A estréia na prosa aconteceu em 2003, com a publicação de Tio Bonifa e Seu Cachorro Piraju. No mesmo ano, foi patrono da Feira do Livro de Santa Maria. Ferreira ainda participou de diversas coletâneas e criou uma obra com mais de 500 poemas. 
Em 2004, foi eleito para integrar a Academia Rio-Grandense de Letras, ocupando a cadeira 28, que tem como patrono o João Belém e tinha como ocupante anterior o teatrólogo, jornalista e escritor Edmundo Cardoso, morto em 2002. 
— Eu sou muito novo, não tenho 70 anos ainda. Tenho muito o que aprender — disse ele ao Diário de Santa Maria, em 2004, às vésperas de integrar a Academia Rio-Grandense.

Na Feira do Livro de Santa Maria de 2005, lançou dois livros de poesia ao mesmo tempo:Coisas da Vida e Coisas do Campo. No primeiro, ele explora o cotidiano. Já no segundo, inspira-se no na vida campeira, universo que demarca suas origens e sua produção artística. Em 2006, na criação da ASL, tornou-se ocupante da cadeira número 1, com Luiz Carlos Barbosa Lessa como patrono. 
— Minha poesia é universal com a fala do campo. Este linguajar está no que escrevo — disse em 2003 ao Diário de Santa Maria, quando foi convidado a ser patrono da Feira do Livro de Santa Maria.
Teve poemas premiados em primeiro lugar na terceira Chasqueada da Poesia Crioula de Livramento, em 1984; no Festival de Poesia e Declamação de Campo Bom, em 1996; e no Festival de Poesia de Declamação em Santa Maria, em 1997. Seu primeiro livro foi Sol de Maio, publicado em 1985 e reeditado em 1997.

Fonte e foto: zerohora.clicrbs.com.br

SONHO CRIADOR
Antônio Augusto Ferreira

Não,
já não são mais de mim as arrancadas
que ao um corpo velho só restou defeitos.
Os horizontes turvos do meu peito
já tiveram a cor das madrugadas.
Também fui moço
e parti a inventar um mundo novo,
o braço verde, o peito pelechado,
os olhos claros refletindo, alçados,
a cor do céu, boiando nas aguadas.

Eu era o capataz do meu destino
e empurrava a pobreza nos encontros,
varando a vida arisca como um potro,
levando sempre um ideal de tiro.
A lua cheia a gauderiar comigo
me iluminava os rumos da cruzada,
com meu sorriso de topar parada
e a voz de calmaria no perigo.

E eu tive coragem na vigília
e tive por fortuna a juventude
e aqueles sonhos de quem tem saúde
no aconchego tranqüilo da família.
Nem o trabalho, nem a dura lida
me achou amargo, nem me fez cansado.
E eu fui um pouco um tigre renegado
para buscar o brabo pão da vida.

As minhas cartas não vieram marcadas para o jogo,
mas eu peguei na brasa e comi fogo,
e me lambi do suor para consolo.
O meu caminho, que encontrei tapado
eu fui abrindo à foice e a machado,
e se algum dia eu levantei telhado
eu amassei com os meus pés o tijolo.
Os meus baguais,
fui eu próprio quem teve de domá-los,
pois não se emprestam, nem se dão cavalos
a quem não tem onde cair morto.
Mas a cada golpe,
a cada tirão que eu dava e recebia
o velho sonho se fortalecia
de um dia ter tropilha e criar potro.

Ah! mocidade arisca que dispara!
Eu tinha muita força no tutano
e a coragem de armar meu próprio plano
sem o receio de quebrar a cara.
Então derrubei mato e na coivara
plantei a saraquá, milho de cova,
e a minh'alma brotou na roça nova
que o meu próprio machado derrubara.

Ver a planta que nasce é ver um filho.
Eu, que plantara um sonho de fartura,
via crescer tão verde e tão segura
minha ilusão, com que adubara o milho.
E plantar outra vez a terra amiga...
A mão da inchada é a mesma da guitarra
e a alma cantadeira é de cigarra.

E o sonho criador se fez um dia.
A vaca mansa, vinda por leiteira,
amanheceu num canto da mangueira
transparente de luz, lambendo a cria.
O sol é o mesmo, mas é outro o brilho.
A semente madura é fecundada,
e a jovem moça, eterna namorada,
incha a barriga para ter o meu filho.

Como uma ave grande, sob as asas
chama e protege uma ninhada inteira,
e eu apontei pro céu outra cumieira.
e ergui mais um puxado pras casa.
E as nossas quatro mãos foram pequenas
pro cercado, o pomar, o pátio cheio.
E o céu amanhecia nas estrelas
dos olhos da prole que nos veio.

E vieram bonecas e petiços,
as tardes domingueiras se passando.
Nesse tempo os verões andam voando
se a gurizada cresce em pleno viço.
Depois, são os colégios, a cidade.
Há que tocar-se a vida para frente.
O pago então é um sonho decadente
sobrevivendo em brumas, na saudade.

Agora cada qual faz seu caminho.
Batem asas os filhos quando emplumam,
mais dia, menos dia, todos rumam
a construir seu próprio rancho e ninho.
De um sonho criador, quanto carinho,
quanta saudade boa pra viver
na sina de cumprir este destino
de criar filhos pra depois perder.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Finais e Inícios...

Joseti Gomes















Tudo se dá em ciclos...
Existem os inícios e os fins... O Fim e o Início de um novo ciclo...
E tudo continua... Sim, tudo termina para que tudo comece... E tudo continua...
A Natureza faz isso todos os dias e não nos importamos pois, não notamos a transformação...
E é por dar-se através da transformação, os términos, que não nos apegamos ao que deixamos...
Nunca reclamei por ter meus bebês arrancados de mim... e eles foram levados e, se não fosse pelas fotografias talvez eu nem mais me lembrasse dos seus rostinhos gorduchos...
É por isso que a Natureza é tão sábia, tão perfeita, tão justa, tão Grande...
Ela não faz perguntas... Ela não privilegia nem protege... Ela acontece...
E nós, mesmo sem entendermos algumas manifestações naturais, ainda assim aceitamos... ela é Perfeita...
A Natureza... Ela traz o novo, o transformado e vejo agora meus filhos criados... Criados por mim e crescendo e se transformando a cada dia... E ficando diferentes a cada dia...
Mas então, por que não aceitamos perder as coisas que já não nos servem mais?
Por que nos apegamos tanto a um par de sapatos, uma blusa, um "disco", um objeto qualquer?
Por que nos apegamos ao palpável? Seria ali um projeto de tábua de salvação?
Não... Não quero acreditar que me preparei a vida toda para voltar pra casa e agora, quando mais sinto
saudades de casa, eu tema deixar as "coisas" que acumulei nas gavetas e armários, por medo da solidão...
Agora é o momento das despedidas... Despedida? Nada aqui me pertence de fato... Nem meu corpo...
Ele é um empréstimo... Tudo aqui é emprestado e eu me sentindo preso, amarrado ao corpo que pesa e me dificulta voar... Onde estão as chaves dessas correntes que me prendem?
Onde estão minhas asas que não posso vê-las?
Onde estão as asas dos anjos que encontro caminhando pelas calçadas, apressados, fugindo de mim ou quem sabe, correndo atrás de algum outro querubim...
Onde está minha coragem de gritar com os filhos, com os cães e com os que desprezo por pura falta de humanidade, humildade e amor ao próximo?
Onde está minha CORAGEM de atravessar essa ponte que separa os dois mundos que me habitam?
Onde encontro meus tesouros reais? Àqueles que guardei à sete chaves, inclusive de mim mesma?
Os meus segredos, os meus mistérios, os meus tesouros que só tem valor pra mim mesma... São meus...
Somente eu os conheço e os valorizo... Não sei se continuo... se bato à porta do novo ou se recuo...
Preciso rir agora... estou rindo agora... Não é possível recuar... Não é POSSÍVEL...
Posso ficar parado... isso posso... e posso deitar-me frente à porta e dormir ali, guardando o meu futuro e com ele, todas as minhas vontades de ser diferente...
Não vou decidir agora... ainda tenho três dias para pensar... Vou pensar bem... Vou dormir, quem sabe eu tenha um sonho revelador... Quem sabe o AMOR venha me visitar e me contagie e me acorde e me ponha de pé... E quem sabe, ainda, me impulsione e abrir a porta e descobrir o que me espera do outro lado... 
É um novo ciclo que começa... daqui a três dias... Não posso fazer mais nada... a não ser esperar e ser engolida por ele... É o Fim...

Fonte: http://josetigomes.blogspot.com.br

Luiz Menezes

Natural de Quarai, onde residiu até seus últimos dias de vida, após ter vivido a maior parte de sua vida em Porto Alegre.
Poeta, com 3 livros publicados: TROPA AMARGA – ALÉM DO HORIZONTE e CHÃO BATIDO.
Iniciou sua carreira no rádio em 1952. Convidado pelo Poeta Lauro Rodrigues, para fazer parte do Programa “Campereadas” do grande poeta gauchesco, programa este apresentado na Rádio Gaúcha. Logo na mesma emissora passou a produzir e apresentar inúmeros programas, onde cantava, fazia músicas e se acompanhava ao violão. E muitas vezes participava das peça que escrevia para o rádio teatro.
Em l954 fez sua canção “Piazito Carreteiro”, música de grande repercussão na época, pois trazia uma nova maneira para interpretar a música regional gauchesca. Mais tarde essa canção foi gravada pelos conjuntos OS GAÚCHOS e também o VOCAL FARROUPILHA. Esses dois conjuntos fizeram com que o “Piazito”, fosse gravado na França, no Japão e na Rússia, quando lá estiveram.
Em 1956, ganhou o prêmio de melhor compositor, em concurso realizado pela Zero Hora.
Em 1957, indicado por Darcy Fagundes, com quem formaria a mais famosa dupla de apresentadores. Foi contratado pela Rádio Farroupilha, para que juntos apresentassem o GRANDE RODEIO CORINGA, trabalharam 15 anos juntos.
Luiz Menezes apresentou juntamente com Darcy, o primeiro programa gauchesco de Televisão na antiga TV Piratini. O programa chamava-se “Querência”.
Em 1967, a sua música mais famosa “Piazito Carreteiro foi escolhida para fazer parte de uma coletânea de músicas de autores brasileiros, na França, no LP “Bresil”. O Direito autoral desse disco, foi para os órgãos da II Grande Guerra. O “Piazito” foi representando o Rio Grande do Sul.
Em 1968, gravou, juntamente com Darcy, seu primeiro LP: TROPA AMARGA, onde Luiz cantava e Luiz declamava.
Quase todos os conjuntos e cantores do Rio Grande e alguns de outros estados, gravaram músicas de Luiz Menezes, com destaque para “Última Lembrança” que já recebeu sua 42ª gravação com diferentes cantores e conjuntos.
Trabalhou nas seguintes rádios e televisões de Porto Alegre:
Rádio Gaúcha, onde iniciou, Rádio Farroupilha, Rádio Difusora e nas Televisões: Piratini e Bandeirante, com várias participações na TV Gaúcha.
Gravou 4 LP’s e 1 CD, participando de vários outros.
Como Jornalista, escreveu para o Jornal “A Hora” e para o “Diário de Notícias”, onde foi articulista.
Orgulha-se de ter introduzido no repertório gauchesco, o ritmo de miloinga, com letra em Português. Hoje a milonga faz parte do cancioneiro popular regionalista do Rio Grande do Sul. A primeira milonga gravada é de Luiz Menezes e intitula-se: “Milonga de Contrabando””. Depois recebeu outras gravações de diferentes cantores. No ano de 1997 recebeu da Rádio São Miguel, de Uruguaiana uma placa alusiva ao fato.
Paralelas a estas atividades no rádio e na televisão. Luiz Menezes foi por trêz vezes, presidente do Conselho Regional da Ordem dos Musicos do Brasil. É sócio honorário da SBACEM.
Recebeu inúmeros prêmios por serviços prestados a cultura gaúcha, criando e apoiando alguns festivais tais como.
Califórnia da Canção Nativa – Uruguaiana
Tertúlia da Canção – Sanmta Maria
Festival da Lagoa – São Lourenço
Festival Teuto-Riograndense – Taquara
Festival de Triunfo – Triunfo
Salamanca da Canção – Quarai
Canto Alegretense – Alegrete
Moenda da Canção – Santo Antônio da Patrulha.
Da Câmara de Vereadores de Rio Pardo recebeu a Comenda “Glaucus Saraiva” (em setembro de 1997)
Da cidade de Guaíba, do governo municipal, ganhou a “Medalha de Ouro” por trabalhos prestados aquela comunidade.
Ainda recebeu o prêmio “Guri”, instituído pela Rádio Gaúcha de Porto Alegre, que lhe foi entregue na Casa da RBS, na Expointer. Este prêmio é “Em Memória” a Cezar Passarinho, já falecido.
Como funcionário público do Departamento de Divisões Públicas do Estado, aposentou-se como Diretor.
Aposentado, voltou para sua terra natal, como diz, para envelhecer. E foi nessa ocasião convidado para Secretário Municipal de Cultura e Turismo.
Atualmente, pai de oito filhos, sendo sete do primeiro casamento e um do segundo, pois sendo viúvo voltou a casar. Em Quarai escreve para o Jornal “Folha de Quarai”, uma crônica semanal e apresenta esta mesma crônica na Rádio Quarai.
Este é Luiz Menezes. 47 anos em função da arte e da cultura nativa do Rio Grande do Sul, por isso repete:
Quando a Cruz – ponto final da vida
Me abrir os braços num sinistro afago
Deus dê-me a glória da figueira erguida:
Quero Sestear à sombra do meu pago.

A poesia de Luiz Menezes tem muito de sua linhagem humanística que permite ao leitor viver suas histórias e encontrar seus personagens em todos os caminhos do cotidiano. Sua produção poética: "TROPA AMARGA", 1968 - "ALÉM DO HORIZONTE", 1986 - "CHÃO BATIDO" 1995 - "50 ANOS DA POESIA"-Antologia poética, 2005. É, também, uma análise sociológica do homem riograndense no seu habitat preferido. Nas obras desse poeta, o gaúcho está presente com suas lendas e crendices, com sua bravura e hospitalidade, sobretudo com seus sentimentos e emoções que o escritor emoldura com imagens bonitas dentro de um vocabulário próprio que identifica e diferencia esse habitante do Rio Grande do Sul.

Luiz Menezes foi um romântico enamorado pelo mundo, escrevia com propriedade em forma de versos as coisas do cotidiano que tocavam seu coração. Cantou ternura, enalteceu e reverenciou a mulher, sublimou o amor e a saudade em seus versos, através de uma poesia telúrica que o singularizou como poeta ancorado nos valores essenciais de sua querência, conservando a essência da autenticidade do palco ambiente, onde suas histórias aconteciam.

Luiz Menezes é, sem favor, um dos mais premiados e festejados artistas de nossa terra que inclusive foi agraciado pelo governo do estado do Rio Grande do Sul com a comenda "Negrinho do Pastoreio". Carinhosamente chamado de POETA MAIOR, recebeu a homenagem do povo de sua terra tendo um de seus belos versos colocado no pedestal do Pavilhão Nacional do Portal que demarca Quaraí como uma cidade fronteiriça.

Esse ícone da cultura riograndense que escreveu com amor para sua terra natal: "Todos os caminhos são atalhos para Quaraí. No dia 12 de Outubro 2005, fez o seu último atalho trilhando o caminho para além do horizonte, deixando saudades aos leitores que sentem sua partida sem sentir sua ausência, porque Luiz Menezes estará sempre presente na música, na poesia e em nossa última lembrança.ATALHOS

Boleio a perna de distantes plagas
Por onde andei desde que fui daqui,
Cantei amor em luas diferentes ...
Volto mais velho, velho Quaraí.

Trago emanado em minha garupa
Troféus e penas - palmas que colhi
Buscando a paz em noites de silêncio,
Volto rondando os céus do Quaraí.

Quero de novo rever velhas ruas
Onde entre versos e violões cresci,
Piazinho magro que tinha seu mundo
No céu profundo do seu Quaraí.

E vim disposto a conversar contigo
Contar-te estórias que longe aprendi,
Puxar a viola e derramar saudade ...
Sou teu cantor, meu velho Quaraí.

Dizer que fico, isso não garanto ...
Sou estradeiro como um guarani.
Seduz-me o longe, o desconhecido
Sou tapejara, velho Quaraí.

Porém se a sorte me tocar de volta
Para as estradas por onde vivi,
Fica a certeza: todos os meus caminhos
Serão atalhos para o Quaraí...

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Fontes: Expressa - A Nova Antologia da Poesia Quaraiense, org. Galdino Barreto, 2006
Foto: Associação Cultural Sesmaria, set/1998.

DARCY FAGUNDES

Darcy Fagundes nasceu em 1925, na cidade de Uruguaiana e era o primogênito de uma família de 11 irmãos, entre eles o apresentador Antonio Augusto Fagundes, Aldo Batista, João Batista, Euclides Fagundes Filho e Júlio César. Foi casado três vezes, deixando um filho do primeiro casamento, três filhas do segundo e um garoto do terceiro, com dona Liliana.

Ele foi contratado em 1955 pela rádio Farroupilha para ser o ajudante de Paixão Cortes em um programa sobre tradicionalismo gaúcho que ainda não tinha nome. A idéia do programa surge através do diretor da rádio Farroupilha Otávio Augusto Vampré que combinou a estrutura junto com Cortes.
O programa era dividido em invernadas, isto é, tinha uma parte com duplas e trios, tinha uma parte de trova, uma parte de humorismo, uma parte de declamação e uma para a orquestra sinfonica da Farroupilha. Foi nesta época que Darcy criou para si um slogan: Darcy Fagundes, o gaúcho vaqueano do rádio.

Na emissora, Darcy deu a idéia para o nome do programa utilizando as marcas dos patrocinadores. Com isso surge O Grande Rodeio Coringa (ouça o que Nico Fagundes fala sobre o programa), que trabalhava essencialmente em cima do tradicionalismo gaúcho. Coringa era a marca de calças de brim, patrocinadora do programa que ia ao ar das 8 as 10 horas da noite.

Durante o período em que esteve no ar, cerca de 15 anos o programa contou com algumas trocas de apresentadores. No princípio, era apresentado por Darcy e Paixão Cortes, até a saída deste para a rádio Gaúcha. Darcy passa a apresentar o Grande Rodeio Coringa com Dimas Costa que também foi para a gaúcha e Luis Meneses que foi até o final do programa com Darcy.

O programa Grande Rodeio Coringa, apresentado ininterruptamente por mais de 15 anos, contava com a presença de um auditório. Pessoas vinham de todo o estado para conhecer e participar do programa (por Dorotéo Fagundes) para isso, elas precisavam passar por um teste de talento e condições para aparecer em público. Alguns dos artistas que se revelaram no programa são: Teixerinha e Mari Terezinha, o Gaúcho da Fronteira e os Serranos.
Darcy lançou o seu primeiro disco em 1968, chamado Tropa Amarga. Um conjunto de poesias, muitas delas, como a Desencanto (por Dorotéo Fagundes), declamadas em seu programa de rádio. Ele é o primeiro a se destacar como representante do tradicionalismo gaúcho. Cabe lembrar que Rinha de Galo é verdadeiramente a primeira gravação individual. 

Ele, principalmente no que diz respeito ao tradicionalismo no rádio, foi um marco. Afinal, também apresentava o Invernada Gaúcha, um programa na TVE, nos moldes do Grande Rodeio Coringa. Assim, ele criou um estilo próprio, uma forma diferenciada de comunicação. Bagre Fagundes destaca a forma de expressão do irmão. De acordo com ele, Darcy recebera incentivo da família, em especial do pai, Euclides Fagundes, para demonstrar o seu talento.

Tamanha era a repercussão do Grande Rodeio Coringa que, as famílias que possuíam rádio na Campanha recebiam as visitas de amigos e vizinhos (por São Borja). Muitos vinham de carreta ou a cavalo para ouvir os músicos e as atrações gauchescas que Darcy Fagundes apresentava. A voz de Darcy Fagundes, entretanto, cativou ouvintes não apenas no Rio Grande do Sul, mas também em lugares distântes(por Dorotéo Fagundes) com o estado do Maranhão.

Seu sobrinho, Dorotéo Fagundes, que se apresetava no grupo Fagundaço junto com Darcy, destaca algumas características (por Dorotéo Fagundes) que explicam o porquê do enorme apreço conquistado por seu tio. Dorotéo conheceu Darcy em Itaqui, durante uma festa (por São Borja) onde uma das atrações era Darcy Fagundes. 

Darcy Fagundes morreu aos 59 anos, vítima de um câncer que o abateu rapidamente, mas até hoje é lembrado pelas pessoas ligadas ao tradicionalismo gaúcho como um grande incentivador da música e da cultura do Rio Grande do Sul.

Entrevista gravada no estúdio da Famecos - PUCRS no dia 13 de setembro de 2004

Colaboração: Hilton Araldi

Eventos para 2013 do Galpão

Vem aí em 2013, a Gravação do 2º DVD do Galpão da Poesia Crioula de Santa Maria e mais a 2ª Maratona da Poesia Crioula - O Encontro Estadual de Declamadores - Valorizando a Arte da Poesia Gaúcha! Aguardem, será em 2013, com grandes novidades!

DVD Galpão da Poesia - Uma janela para arte



Confira o trailer do "DVD Galpão da Poesia - Uma janela para arte"
Para adquirir basta entrar em contato por e-mail: galpaodapoesiacrioula@gmail.com
Valor: R$ 25,00 + postagem (se for o caso)

Aguardem, vem aí a gravação do Volume 2, será dia 16 de fevereiro. Em breve mais informações.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

LUIZ CORONEL

Nome: Luiz de Martino Coronel
Nascido em Bagé em 1938. Bacharel em Direito, Sociologia e Política, reside em Porto Alegre, onde trabalha como diretor de publicidade. Criou e dirige a Exitus, empresa de publicidade. É compositor musical, possuindo diversos prêmios como letrista nas Califórnias da canção nativa. Poeta, sua obra é voltada preferencialmente para a temática da terra, no que retoma a tradição do cancioneiro sul-rio-grandense. Dentre suas obras literárias, destacam-se: Mundaréu, Retirantes do sul, Cavalos do tempo, Baile de máscaras, Pirâmide noturna, Clássicos do Regionalismo Gaúcho. sua obra recebeu diversos prêmios, entre os quais: Prêmio Influência Poesia Espanhola, Universidade de Pamplona, Espanha, em 1990, e Premio Octavio Paz, da Revista Plural, Universidade do México, pelo livro Pirâmide Noturna. 

2. Formação
- Direito e Filosofia pela UFRGS
- Exerceu a Magistratura do Estado
- Foi professor de História e Literatura e Teoria Geral do Estado em Faculdade de Ciências Jurídicas.

3. Atividade Publicitária
Atuou como Diretor de Criação da Agência Exitus de 1971 a 1999.
A partir de 1999, na condição de Diretor Institucional da Agência Matriz, imprime um traço pessoal em sua criatividade, fundamentado na poesia. Dele é dito ter inserido a poesia na propaganda brasileira.
Presidente Festival Mundial de Propaganda(1996)
Presidente da Associação Latino-Americana de Propaganda - Nacional (1999)
Presidente da Associação Latino-Americana de Propaganda – Internacional(2001-2005)
Presidente Emérito da Associação Latino-Americana de Propaganda

4. Compositor
Na música regional, seu trabalho de letrista com nuances líricas recebe numeráveis prêmios, autor de verdadeiros clássicos do regionalismo.

5. Conferencista
Colhe sua vasta erudição para abordar um temário múltiplo, com ênfase na história, literatura, comunicação e na questão social.
Universidades, escolas, clubes de serviço, empresas e eventos, cada vez mais, contam com a participação do palestrante.

6. Comunicador
Sua presença nos veículos de comunicação, crescente e bem-sucedida, comprova-se na coluna semanal do Jornal Correio do Povo desde 1996; nas emissoras de rádio e nos programas de televisão, recitando poemas desde 1987.

7. Escritor
Escritor com mais de 30 obras recebeu prêmios no Brasil, Espanha e México (Prêmio Nacional de Poesia, MEC 1973 com a obra “Mundaréu”) e tem edições com participação no idioma inglês e alemão.
Sua obra Portifólio Poético e Documental do Rio Grande do Sul, composto pelos livros: "Porto Alegre que Bem Me Faz o Bem Que Te Quero", "Cidades Gaúchas" e "Pampa Gaúcho, a Terra e o Homem", recebe unânime aplauso.
O projeto “Dicionários” amplia e concretiza uma visão editorial de maior envergadura.

8. Títulos
Acumula títulos, entre os quais, Cidadão Emérito de Porto Alegre e Cidadão Emérito de Piratini, a Capital Farroupilha.
Em 2001 recebe o “Troféu Negrinho do Pastoreio” da Associação Gaúcha Municipalista como destaque literário em Poesia Contemporânea, com 43,8% de indicações da preferência de pesquisa realizada pelos outorgantes do prêmio.

9. Academia
Ingressa na Academia Rio-Grandense de Letras em junho de 1999, ocupando a cadeira de número 26.

10. Fortuna Crítica
Nas avaliações de sua obra, despontam os depoimentos de Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Manuel de Barros, Carlos Nejar, Lya Luft, Moacyr Scliar, Luis Fernando Verissimo, Marcos Lucchesi, Millôr Fernandes, Ciro Martins, Paixão Côrtes e muitos outros destacados nomes do mundo literário e cultural.

11. Obras

1. Mundaréu – Editora Garatuja 1978
2. Pensamentos Azuis – Editora Garatuja 1978
3. Buçal de Prata – Editora Tchê 1981
4. O Dia da Inauguração do Mundo(infantil) – Editora Garatuja
5. Os Cavalos do Tempo – Editora Tchê 1987
6. Os Retirantes do Sul
7. Esquilinho Mágico
8. Saturnino Desce ao Pampa (infantil) – L&PM Editora
9. Cronistas do Câmera 2
10. Lunarejo – Editora Tchê
11. Clássicos do Regionalismo Gaúcho – Editora Tchê 1994
12. Cinco Ensaios Incontidos – IEL
13. Poerótika -
14. Baile de Máscaras – Editora Tchê
15. Ave-Fauna – Edelbra (2ª edição)
16. Pirâmide Noturna – Editora Tchê 1993

Portfólio Poético e Documental do Rio Grande do Sul (Reedições Mecenas a partir de 1997)
TRILOGIA - Edição em três idiomas (português, espanhol e inglês) e policromia.
17. Volume 1- Porto Alegre Que Bem Me Faz o Bem Que Te Quero
18. Volume 2 - Cidades Gaúchas
19. Volume 3 - Pampa Gaúcho, a Terra e o Homem
20. Um Girassol na Neblina – Exitus Editora 1997
21. Álbum de Retratos – WS Editor 1999
22. Poemas de Natal – Textos, ilustrações e CD - luxo - Mecenas Editora 2000.
23. O Legado das Missões – Fotografias - Edição em três idiomas (português, espanhol e inglês) e policromia. – Gráfica Palloti – WS Editor 2000. Reedição Mecenas.
24. Coração Farroupilha – Edição luxo com CD – Mecenas Editora 2001.
26. Concerto de Cordas - Antologia Poética de Luiz Coronel -– Imago Editora/RJ – Organização Mecenas 2001.
27. Amor Seja Lá Como For – L&PM Editores – Organização Mecenas Editora 2001.

A Comédia Gaúcha – Trilogia do Humor Pampeano
28. O Cavalo Verde – Edição luxo e brochura com CD – Mecenas Editora 2002.
29. O Cachorro Azul – Edição luxo e brochura com CD – Mecenas Editora 2003.
30. O Gato Escarlate – Mecenas Editora 2005

31. Sabores de Uma Grande História – Ano 2003 - Projeto Cia. Zaffari com execução das empresas: Mecenas Editora e Projetos Culturais Ltda., Opus Promoções, Agência Matriz, Contexto Marketing Editorial. Autores: Luiz Coronel e César Guazelli.
32.Um País no Coração – 35 Autores Gaúchos – Edição brochura – Mecenas Editora 2004.
33. Um Querubim de Pantufas – Mecenas Editora – Ano 2005
34. Vinte Poemas de Amor e uma balada indagativa – Ano 2006 - Ilustrações de Vitório Gheno, Projeto gráfico de Pubblicato Design Editorial – Mecenas Editora 2006

Dicionários
35. Dicionário Erico Verissimo - O Tempo e o Vento a Passar -– Ano 2004/2005 Projeto Cia. Zaffari com execução das empresas: Mecenas Editora e Projetos Culturais Ltda., Opus Promoções, Agência Matriz, TAB Marketing Editorial. Autor: Luiz Coronel.
36. Dicionário Mario Quintana – A Quinta Essência de Quintana – Ano 2005/2006 Projeto Cia. Zaffari com execução das empresas: Mecenas Editora e Projetos Culturais Ltda., Opus Promoções, Agência Matriz, TAB Marketing Editorial. Autor: Luiz Coronel.
37. Dicionário Guimarães Rosa – Uma Odisséia Brasileira – Ano 2006/2007 Projeto Cia. Zaffari com execução das empresas: Mecenas Editora e Projetos Culturais Ltda., Opus Promoções, Agência Matriz, TAB Marketing Editorial. Autor: Luiz Coronel.

CORDAS DE ESPINHO

Geada vestiu de noiva
os galhos da pitangueira.
Ainda caso com Rosa
caso ela queira ou não queira.

Acordei minha viola
com seis cordas de espinho.,
Meu canto em cor de sangue
teu beijo gosto de vinho.

Pra domar o meu destino
comprei um buçal de prata.
Nenhum pesar me derruba
qualquer paixão me arrebata.

Fui aprender minha milonga
na água clara da fonte.
O canto do quero-quero
mais que um aviso é uma ponte.


José Hilário Ajalla Retamozo

Vida e obra - (1940 – 2004) O mais autêntico tesouro dos jesuítas
Retamozo influenciou mais de uma geração de poetas e compositores gaúchos, exercendo importante papel formador na tradição e na cultura sul-rio-grandenses José Hilário Ajalla Retamozo, natural de São Borja, nasceu em 13 de janeiro de 1940. Foi casado com a advogada e também poetisa Aldira Correa Retamozo, com quem teve 5 filhos. Sócio - fundador da Estância da Poesia Crioula e seu ex-Presidente, o poeta já foi qualificado por seu também falecido amigo e ilustre poeta Aparício Silva Rillo, no prefácio de seu livro “O Tesouro dos Jesuítas”, como um artista que “molda à sua maneira o barro sensível que a inspiração e a sensibilidade lhe colocam às mãos”.
Coronel da reserva da Brigada Militar, corporação à qual dedicou-se por 35 anos, e onde sempre foi destaque; Retamozo foi também professor, ensaísta e escritor, com livros que já passaram de 30 mil exemplares distribuídos. Dentre eles, destacam-se Reduto de Bravos, Rodeio do Tempo, Provincianas, Lua Andarenga, Rodeio Crioulo, ABC do Brigadiano, Cantos Provincianos e Décimas e Milonga; ABCdário Leonístico e ABC do 4º dia – os dois últimos em parceria com a esposa; poeta, com mais de cem Troféus, obtidos em diversos Festivais de Música e Poesia, dentre os quais está o 1º lugar da 4ªCalifórnia da  Canção de Uruguaiana, em 1974, com a Canção dos Arrozais. 
Retamozo também foi membro da Academia Rio-Grandense de Letras, onde desenvolveu renomada atividade literária, e foi Diretor do Instituto Estadual do Livro. É autor de diversas canções brigadianas, pelas quais é conhecido nacionalmente nas Polícias Militares, e de hinos para alguns municípios do Estado, dentre os quais Rosário do Sul, São Luiz Gonzaga e São Miguel das Missões.
Em 16 de setembro de 2002, Retamozo recebeu a Medalha Simões Lopes Neto, honraria do Governo do Rio Grande do Sul para personalidades de destacada importância para a cultura do Estado. Na mesma época, o poeta deve parte de sua obra musical editada em CD pela USA DISCOS, em projeto denominado Autores Gaúchos.
Retamozo era diabético, e há cerca de três anos lutava contra o Mal de Alzheimer. Sua morte foi ocasionada por uma parada cardio-respiratória, às 15h15 do dia 19/09/2004. O poeta foi sepultado no Cemitério João XXIII, às 16h do dia 20/09/2004, um dos dias mais importantes do ano para o gaúcho e tradicionalista que foi desde piá.Cargos, atividades associativas e importantes ações Sócio-fundador da Estância da Poesia Crioula
Membro da Academia de Letras da Fronteira Sudoeste, cadeira nº 45 
Sócio-fundador da APESP – Correio Brigadiano
Diretor do Instituto Estadual do Livro
Membro da Academia Sul-rio-grandense de Letras, cadeira nº 40
Editor de diversas Antologias de Poetas Brigadianos
Autor dos Hinos de Rosário do Sul, São Luiz Gonzaga e São Miguel das Missões
Autor do Hino do Clube Farrapos
Autor do Poema “De Braços Abertos”, pelo qual é conhecido em todas as Polícias Militares do
Brasil e do mundo
Citado em diversas Antologias Poéticas e Enciclopédias de Cultura Brasileira no país e no mundo
Vencedor dos concursos de poesia do Rodeio Crioulo Internacional de Vacaria e do Concurso
Estadual de Poesias do III Rodeio Crioulo Internacional de Alegrete
Algumas obras publicadas
Rodeio do Tempo
Editora Palotti, 1966, Porto Alegre
Cantos Provincianos Editora Movimento, 1980, Porto Alegre
Canto de Amor a São Borja Martins Livreiro Editor, 1982, Porto Alegre
Lua Andarenga Editora Movimento, 1982, Porto Alegre
Garruchas Cruzadas Martins Livreiro Editor, 1982, Porto Alegre
ABC do Brigadiano MBM / Feplam, 1982, Porto Alegre
Tentos e Loncas – Poetas e Poetas da Estância da Poesia Crioula Age Editora, 1993, Porto Alegre
Em parceria com Rui Cardoso Nunes e Zeno Cardoso Nunes
Canto Livre / Provincianas / Rodeio Crioulo / Reduto de Bravos / Décimas e Milonga
 

Jornal A Razão – Santa Maria
Dia 21 de setembro de 2004.
Cultura
Poesia gauchesca perde José Hilário Retamozo
Terça-Feira – 21/09/2004
O compositor nativista José Hilário Ajalla Retamozo, faleceu no domingo à tarde devido a complicações do Diabetes. O corpo foi sepultado ontem em Porto Alegre.
Para quem conheceu a pessoa ou as letras do compositor nativista José Hilário Ajalla Retamozo, o 20 de setembro foi mais triste ontem. Ele faleceu no domingo à tarde devido a complicações do Diabetes. O corpo foi sepultado ontem em Porto Alegre, onde morava. José Hilário tinha 64 anos e deixa esposa e cinco filhos. 
O compositor nasceu em 13 de janeiro de 1940, em São Borja. Mesmo publicando obras que homenagearam a cidade, José Hilário deixa mais pobre a poesia gaudéria de todo o Rio Grande do Sul. Foi jurado da Tertulha Musical Nativista da Estância do Minuano, em Santa Maria, e de outros tantos festivais do Estado. Foi sócio-fundador e presidente da Estância da Poesia Crioula, diretor do Instituto Estadual do Livro e pertencia a Academia Riograndense de Letras.
Ainda na juventude começou a compor, se dedicando à linha nativista e tradicionalista. O secretário de Cultura de Santa Maria, Humberto Zanata, que conheceu o compositor, conta que ele chegou a ser colaborador do Jornal A Razão no final dos anos 50. Lembra ainda que a letra e música “Canção dos Arrozais”, de autoria de José Hilário, foi a vencedora da 4ª Califórnia da Canção Nativa, em Uruguaiana, em 1974. O intérprete foi Riograndino Oppa. Conforme Zanata, junto a Apparício Silva Rillo, José Hilário pertencia à linha mais refinada da poesia gauchesca. “Era um poeta mais sintonizado com a modernidade, tanto em relação à temática quanto à forma de trabalhar. Utilizou-se de todas as formas de criar ou fazer poesia. Produzia poemas mais tradicionais, metrificados, quanto livres”, destacou Zanata. O compositor também responde pela autoria das letras dos hinos de Rosário do Sul, São Luiz Gonzaga e São Miguel das Missões.
Em 1998, o coronel de reserva da Brigada Militar, formou-se em Direito na Pontifícia Universidade
Católica (PUC) e Porto Alegre. Em Santa Maria, moram uma das irmãs e a mãe.

Fonte: clicrbs.com.br

FOI O HOMENAGEADO DA 5ª QUADRA DA SESMARIA DA POESIA DE OSÓRIO.

JOSÉ HILÁRIO AJALLA RETAMOZO
Coronel da Reserva da Brigada Militar, sempre foi destaque dentro e fora da corporação a qual dedicou 35 anos de sua vida profissional. Na Brigada Militar foi Comandante de Esquadrão, em Uruguaiana e Alegrete, Comandante de Companhia em Taquara e Osório, Comandante da Operação Golfinho do Litoral Norte, Chefe da Diretoria de Ensino da BM, Secretário do Estado Maior da BM, Chefe do Estado Maior do Policiamento da Capital. Foi Chefe da Comissão Editorial da Brigada Militar. Em reconhecimento aos bons serviços prestados foi condecorado com as medalhas de Bronze, Prata e Ouro, Medalha de Reconhecimento Grau Bronze e o Troféu Sesquicentenário de Criação da Brigada Militar.
Compôs canções brigadianas, como Canção do Cadete, e hinos para alguns municípios do Estado, dentre os quais se destacam: Rosário do Sul, São Luiz Gonzaga e São Miguel das Missões. É conhecido nacionalmente nas Polícias Militares pelo seu poema “Braços Abertos” uma ode ao policial militar. 
Advogado, professor, escritor, ensaísta e poeta. Casado com a poetisa Aldira Corrêa Retamozo, pai de quatro filhos. Autor de inúmeras obras de poesia e história do Rio Grande do Sul. Dentre as quais se destacam: Reduto de Bravos; Rodeio do Tempo; Lua Andarenga; Provincianas; Cantos Provincianos e Décimas e Milongas. Seus livros já atingiram a marca de 30 mil exemplares distribuídos. 
Membro da Academia Sul-rio-grandense de Letras onde desenvolveu reconhecido trabalho literário, foi Diretor do Instituto Estadual do Livro. Membro e atual Presidente da Estância da Poesia Crioula, entidade de lides literárias essencialmente campeiras. 
Pelo excelente trabalho cultural desenvolvido no âmbito da comunidade rio-grandense, Retamozo foi citado em obras literárias de nível nacional, inclusive na Enciclopédia de Literatura Brasileira, do professor Afrânio Coutinho. 
Laureado em diversos Festivais de música e poesia, coleciona cerca de uma centena de troféus nas mais variadas premiações. Dentre as principais: 1º lugar em Poesias inéditas no Rodeio Internacional da Vacaria, o 1º lugar na Califórnia da Canção de Uruguaiana e o mais recente na Tafona da Canção Nativa e Sesmaria da Poesia Gaúcha de Osório. É constantemente convidado a atuar como jurado em vários concursos literários e Festivais no estado, dentre os quais a Tafona da Canção Nativa e a Sesmaria da Poesia Gaúcha.

JOSÉ HILÁRIO RETAMOZO é um artista que plasmou sua sensibilidade nas terras coloradas de São Francisco de Borja, o primeiro dos Sete Povos, terra onde nasceu à 13 de janeiro de 1940. Missioneiro que é, seu canto se levanta como resposta de beleza a tudo quanto lhe deu seu berço natal, neste extremo de Pátria que se debruça sobre os peraus e remansos de seu rio Uruguai.
JOSÉ HILÁRIO RETAMOZO, homem de rara sensibilidade, está fazendo uma viagem de retorno ao seu próprio âmago. A contenção de linguagem em muitos dos seus poemas é bem a mostra do que somos, principalmente na região da fronteira: de poucas palavras, porém com coração do tamanho do mundo para abrigar amizades que perduram para muito além dessa existência mundana. Como Diz o Poeta:

Há timidez de gestos escondidos
no amargo chimarrão que vai e vem,
e abraços nunca dados, recolhidos,
no mundo sem razão de querer bem...

José Hilário Retamozo é uma voz que se afirma provinciana, comprometida com suas raízes. Poeta regionalista que, pelo trabalho paciente na palavra, vai cantando de modo específico um tipo de homem e, assim, atinge o universal.
Aparício Silva Rillo, ao prefaciar o “O Tesouro dos Jesuítas” diz: “O poeta se propõe a inventariar o muito que ainda falta desde a objetiva sensível dos nossos poetas. Como todo o artista, Retamozo molda à sua maneira o barro sensível que a inspiração e a sensibilidade lhe colocam às mãos. O índio e o padre que canta no seu verso foram, talvez intencionalmente, desvestidos de sua condição humana, e nos são apresentados numa moldura ideal, retocando-os de sol e distância, luares, mistérios e eternidade. Retamozo é um poeta e, aos poetas, importa mais o mágico que o lógico, mais a projeção da figura que a figura, mais o desenho da pedra que o seu peso. “O Tesouro dos Jesuítas” traz a marca inconfundível de seu traço de artista, a pureza de manhã de seus poemas, o telurismo que ressuma de seus versos limpos como água de cacimba do mato. E, mais, a condição que lhe podemos emprestar de inventarista sensível de grande parte do legado material e cultural que nos deixaram os Sete Povos.”

JOSÉ HILÁRIO RETAMOZO! Destaque no panorama cultural do Rio Grande do Sul.